Um amigo cineclubista, Heraldo HB (Cineclube Mate com Angu-Caxias-RJ) gosta de dizer que hoje vivemos o cineclubismo 2.0. Para mim, por enquanto, essa é a melhor definição. Cineclube sempre foi lugar para juntar gente com interesse em comum, no início os filmes, a necessidade de ter acesso a cópias que não circulavam por todo o país ou entre países, afinal o mundo era analógico e quando não se estava em guerra ou vivendo uma ditadura a pauta prioritária de toda sessão cineclubista era o filme. Os clubes de cinema existiam para apreciar, questionar, discutir a obra cinematográfica em sua estética e aspectos culturais abordados na narrativa do filme. Nada muito diferente do que fazemos hoje na era digital. A não ser por um fator transformador: O tal do digital. Um processo em constante evolução de criação e aprimoramento de tecnologias que permitiu o barateamento de suportes fundamentais como Projetor de imagens e filme. Tornando o acesso amplo de tal forma que em parte saiu de controle, afinal tudo está na Internet, os filmes a um clique de serem baixados ou realizados por qualquer um, não é mais preciso entender de química para saber qual película usar nos trópicos, como revelar, só precisa ter espaço na memória do celular, como podemos observar nos filmes a Reunião de Condomínio, Pacific e Tchau Pai.
Longa metragem Pacific de MARCELO PEDROSO – https://www.youtube.com/watch?v=SidYwXGl4lU )
Filme construído a partir de imagens feitas por celular e máquina fotográfica de turistas que viajavam em um cruzeiro para Fernando de Noronha.
Reunião de Condômino de Ana Cláudia Rodrigues (https://www.youtube.com/watch?v=2VfqQ_I3gtg&feature=youtu.be)
Apresenta os diálogos de um processo de readaptação de uma comunidade que vivia em palafitas e a gora mora em um condomínio de prédios.
Tchau Pai de Lívia Izar e Ricardo E.Machado (https://www.youtube.com/watch?v=sZRELlNEYAY )
Documentário que aborda a relação entre pai e filho , entre muros de um presídio .
O Cineclubismo 2.0 acontece aonde o cineclubista quer que ele aconteça, não está preso a necessidade de analisar o filme, o filme é apenas mais um elemento de um balaio de gato, ou de rato, eu prefiro rato… Um balaio de ratos criativos que tem como objetivo comum juntar gente, encontrar em ambiente real, não virtual seus pares e dessa forma apreciar o cinema, a música, a poesia falada, escrita, pintada, desenhada nas paredes… Discutir o entorno e através dessa discussão realizar seus próprios filmes. Dessa forma promovendo mudanças nos que organizam, frequentam e no ecossistema cultural local. Cineclube na era digital é sobretudo agente de transformação carregado com conhecimento e nano dispositivos de empoderamento. Ser cineclubista significa optar por tomar a pílula vermelha e enxergar a matrix além do primeiro plano, além do que querem que você veja e seja.
Portanto, construir um cineclube na escola é um processo de autoconhecimento de todos os envolvidos: escola, professores, alunos, comunidade e o entendimento de que é preciso quebrar paradigmas e entender esse novo espaço como uma área livre dentro da escola, um lugar para troca de potencialidades e empoderamento, um espaço em que o professor não tem mais peso que o aluno e os que estão fora da escola posam ter transito livre, atuando em igualdade com os demais. E dessa forma reconstruir a auto imagem de cada um e da comunidade que se encontra no cineclube. (André Sandino)